quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

PONTEVEDRA



PONTEVEDRA é um município e também a capital da Província de Pontevedra. A província de Pontevedra é uma das quatro Províncias que compõem a Comunidade Autônoma da Galiza com jurisdição sobre 10 cidades.
Escudo de Pontevedra
A cidade de Pontevedra está localizada ao noroeste da Espanha, tem 117 Km2 de área e uma população em 2012 estimada de 82.684 habitantes. É uma cidade principalmente de serviços, já que a grande maioria do tecido industrial da província encontra-se na cidade vizinha de Vigo.
Pontevedra faz parte do Caminho Português de Santiago de Compostela, encontra-se 25 Km ao norte da cidade de Vigo, 18 Km ao norte da cidade de Redondela, 60 Km ao sul de Santiago de Compostela, 105 km ao noroeste de Ourense e 50 km ao norte da fronteira portuguesa de Tui-Valença.
O município situa-se ao nordeste, leste e sudeste do início do estuário de Pontevedra, prolongando-se até ao início do estuário de Vigo e ao rio Verdugo, através das paróquias civis de A Canicouva e de Ponte Sampaio, as quais formam uma espécie de exclave.
A zona do conselho de Pontevedra à beira do estuário de Vigo é chamada O Castelo e ali existe uma pequena ilha com o mesmo nome que também faz parte do município de Pontevedra. O município ocupa os vales fluviais do Lérez e do rio dos Gafos; a parte sudoeste ocupa a margem sul do estuário de Pontevedra.
A cidade situa-se no fundo do estuário de Pontevedra, na margem esquerda do rio Lérez, que desemboca no estuário a quatro quilômetros. Assenta numa elevação rochosa relativamente aplanada pela erosão, que embora não seja muito alta, obriga o rio Lérez a rodeá-la pelo norte antes de desembocar no estuário. Esta situação faz com que as únicas ruas com inclinação assinalável sejam as que baixam para a zona costeira e do rio. A localização sempre foi importante estrategicamente, pois é o ponto mais ocidental (mais próximo do mar) onde se pode cruzar a ria no sentido norte-sul através de uma ponte.
O Conselho de Pontevedra é constituído por mais 18 paróquias civis:
  • Alba (Santa María)
  • Bora (Santa Mariña)
  • O Burgo (San Bartolomeu e Santa María)
  • Campañó (San Pedro)
  • Campolongo (San Xosé)
  • A Canicouva (Santo Estevo)
  • Cerponzóns (San Vicente)
  • Lérez (San Salvador)
  • Lourizán (Santo André)
  • Marcón (San Miguel)
  • Mourente (Santa María)
  • Ponte Sampaio (Santa María)
  • Salcedo (San Martiño)
  • Santa María de Xeve (Santa María)
  • Tomeza (San Pedro)
  • Verducido (San Martiño)
  • A Virxe do Camiño
  • Xeve (Santo André)
Apesar da sua pequena dimensão, Pontevedra é uma cidade que conta com muitos bairros. Historicamente, o mais conhecido é O Burgo, famoso pela sua ponte e por estar situado entre os sapais de Alba e do Lérez. Monteporreiro é uma zona residencial por excelência, juntamente com Campolongo, situado no centro urbano. Mollabao caracteriza-se por ter muitos militares entre os seus residentes. A Parda encontra-se em expansão e se continuar a crescer ao ritmo dos últimos anos tornar-se-á um dos bairros mais importantes da cidade. Outros bairros importantes são La Seca e Salgueiriños.
O clima é Pontevedra é temperado e chuvoso, com uma temperatura média anual de 15°C e amplitude térmica de 10°C (entre 10°C em janeiro e 20°C em julho). A precipitação média anual é de 1 691 mm, podendo oscilar entre os 1 600 e os 1 800 mm, concentrando-se principalmente no final do outono e no inverno e diminuindo substancialmente entre junho e agosto. Há uma grande propensão para trovoadas atlânticas durante o outono e o inverno, frequentemente com alguma violência.


HISTÓRIA DE PONTEVEDRA

O lendário cavalo de Troia (presente de grego) - Guerra de Troia entre 1300 e 1200 A. C.

Segundo uma lenda criada no período do Renascimento para dotar a cidade de uma origem fantástica, Pontevedra teria sido fundada por Teucro, um dos heróis da Guera de Tróia. A lenda afirma que o herói chegou a estas terras após ter sido recusado pelo pai dele, Télamom, e fundou um assentamento com o nome de Helenes, após o que se casou com Helena, filha do rei Putrech que nesse momento dirigia o exército grego até à cidade de Atenas.
Possivelmente essa lenda terá sido baseada numa passagem de Estrabão, que citando Asclepíades de Myrlea, relata que ao voltar da Guerra de Troia os companheiros de Teucro se estabeleceram na Callaicia (Galiza), onde fundaram duas cidades — Hellenes e Amphiloci — a segunda em honra a Anfíloco, que lá morrera.
O certo é que os diversos estudos arqueológicos não demonstraram uma presença humana anterior à Época Romana. A lenda inspirou uma inscrição existente na fachada da Sede do Município:

  
FVNDOTE TEVCRO VALIENTE
DE AQVESTE RIO EN LA ORILLA
PARA QUE EN ESPAÑA FVESES
DE VILLAS LA MARAVILLA
DEL ZEBEDEO LA ESPADA
CORONA TU GENTILEZA
VN CASTILLO PVENTE Y MAR
ES TIMBRE DE TV NOBLEZA

                   Fundou-te o valente Teucro
                   na margem deste rio
                   para que Espanha fosses
                   das vilas a maravilha
                   de Zebedeu a espada
                   coroa a tua gentileza
                   um castelo, uma ponte e mar
                   que é timbre da tua nobreza


A historiografia tradicional afirma que a cidade tem origem no assentamento de “Ad Duos Pontes” (A duas pontes). No entanto, estudos mais recentes relacionam a fundação de Pontevedra com o assentamento romano de Turocqua, nas margens sul do rio Lérez. O nome Pontevedra deriva do latim e significa "ponte velha". O nome de Duos Pontes (duas pontes) deve-se à existência de duas pontes na área.

Imperador Adriano (viveu de 76-138) governou o Império de 117 a 138

Depois da integração da Galiza pelo Império Romano foram construídas uma série de vias de comunicação, que ligavam comercial e militarmente a Província com o resto o resto da Península Ibérica.  A Via XIX do itinerário de Antonimo, que ligava Bracara Augustaa (atual Braga) e Lucus Augusti (atual Lugo) e Astrúrica Augusta (atual Astorga), cruzava o rio Lérez em Pontevedra. Turocqua situava-se nas imediações onde hoje se encontra a Ponte do Burgo, em pleno centro histórico. A descoberta em 1988, na cabeceira sul da ponte, de um marco miliário dedicado ao Imperador Romano Adriano no ano 137 confirma a passagem da estrada romana naquele local.
Fernando II (1137-1188) foi rei de Leão e da Galiza de 1157 a 1188
Durante o reinado de Fernando II, na Galiza, na última parte do século XII assistiu-se a alguma reativação da atividade comercial, graças à restauração de caminhos e pontes. O local hoje ocupado pela cidade voltou a repovoar-se, depois de se ter assistido a certo abandono na Alta Idade Média (dos séculos V ao IX). A ponte romana que tinha dado o nome ao lugar estava então em ruínas, pelo que foi substituída por uma nova, que ainda hoje existe, embora com algumas modificações.
Atualmente já não existe o documento real (Carta de Foral) original concedido por Fernando II, mas uma confirmação dele por Afonso X, em 1264. Os privilégios e isenções que se foram concedendo à cidade atuaram como importantes dinamizadores da sua atividade econômica. Entre as concessões destacam-se o monopólio do fabrico de saín na Galiza (saín é uma gordura que se obtém de alguns peixes após prensá-los) e da cura de peixe (não da salga), em 1229, e a adjudicação (o direito de posse) do porto de carga e descarga da Galiza em 1452.
 
Afonso X (1221-1284) foi rei de Leão e Castela de 1252 a 1284
Henrique IV (1425-1474) foi rei de Castela e de Leão de 1454 a 1474
As sucessivas ampliações do recinto muralhado pontevedrês foram determinadas pelo crescimento demográfico e pelo desenvolvimento de atividades econômicas na vila, que necessitava de espaços mais amplos para poder expandir-se. A tudo isto se juntava o desejo da Coroa de controlar a produção e o trânsito de mercadorias. A economia da cidade alcança o seu maior esplendor durante o reinado de Henrique IV de Castela, que em 1467 concede o privilégio de uma Feira franca, de 30 dias de duração, que decorre quinze dias antes da festa de São Bartolomeu. Para a realização destas feiras, a muralha foi novamente ampliada para criar a Praça de Ferrería, onde decorria a feira. Esta foi recuperada no ano 2000, realizando-se no primeiro fim de semana de setembro.
Nau "Santa Maria" também chamada de "La Gallega"
Desde a Baixa Idade Média (dos séculos X ao XIV) e até ao século XVI, Pontevedra torna-se uma das cidades mais populosas da Galiza, com um grande porto pesqueiro ligado ao comércio internacional, no qual se destaca a exportação de peixe salgado para Portugal. A “Nau Santa Maria”, usada por Cristovão Colombo na viagem em que descobriu a América, foi construída em Pontevedra pelo poderoso Grémio de Mareantes, o que está na origem do seu cognome "A Galega".
Cristovão Colombo (Genovês que viveu de 1451 a 1506)
No entanto, a partir do fim do século XVI, a cidade entraria em decadência, primeiro devido ao abandono por parte da Coroa de Castela e depois devido a sucessivas guerras e, principalmente, pela diminuição da profundidade do rio Lérez, o que levaria ao desaparecimento das relações comerciais que se desenvolviam no antigo bairro marítimo da Moureira. A crise, cujos sinais começaram a ser notórios no final do século XVI, aprofundou-se nos séculos XVII, XVIII e XIX. 
Durante os séculos XVII e XVIII a decadência se agravou devido à instabilidade política provocada pelas constantes guerras que ocorreram nesse período (Portugal e a sucessão espanhola, a ocupação inglesa, etc.), que contribuíram para o declínio do comércio exterior. A população de Pontevedra reduziu-se para metade, quando na Galiza duplicou e no resto da comarca de Pontevedra triplicou. Esta crise demográfica foi provocada por epidemias e graves doenças.
Pontevedra (Foto de 1898)
No início do século XIX, a economia de Pontevedra baseava-se fundamentalmente na atividade artesã, no comércio, em menor escala na pesca e na agricultura. Em 1833, com a criação das províncias, torna-se a capital da Província Autônoma de Pontevedra, o que deu origem a que se tornasse um centro administrativo. Nesta época, devido à necessidade de ter espaços para edificação, a cidade muda a sua fisionomia, derrubando-se muralhas e abrindo-se novas ruas, como a que hoje vai de Oliva até Virxe do Camiño (atual Rua García Camba) ou a que vai desde a Rua do Comércio até Michelena. Foram também empreendidas obras de infraestrutura e saneamento, construídas escolas e hospitais, criados espaços de uso público como a Alameda do Arquiteto Sesmeros, e chega à Ferrovia. 
As primeiras décadas do século XX são um período de grande efervescência cultural e política em Pontevedra. Em 1936 tem lugar o levantamento militar do general Franco, que deu origem à Guerra Civil Espanhola, fomentada pelos ódios acumulados durante anos. À guerra seguiu-se a repressão dos triunfadores, que assassinaram, fuzilaram ou obrigaram a fugir para o exílio numerosas pessoas. As duas primeiras décadas da ditadura franquista são de grandes dificuldades econômicas para a maioria da população. A situação começou a mudar na década de 1960, que se caracterizou por um desenvolvimento sustentado que se tornou mais notório no início dos anos 1970, coincidindo com a morte de Franco em 1975 e com a transição democrática. Durante este período desenvolveu-se extraordinariamente o setor da construção, que até à atualidade é um dos grandes motores da economia local.

Pontevedra (Foto do século XIX e início do século XX)
Santuário da Virgem Peregrina - Pontevedra
        Santuário de Nossa Senhora Peregrina, padroeira da província de Pontevedra e do Caminho Português de Santiago, foi edificado no século XVIII. A sua planta simula uma concha de um molusco (vieira), símbolo do Caminho de Santiago. Na sua fachada há imagens da Virgem, São José e Santiago, todos vestidos como peregrinos. No interior há uma imagem da Virgem do século XIX.

Nicho com a imagem da Virgem Peregrina - Igreja de Pontevedra


Nenhum comentário:

Postar um comentário