PONTEVEDRA |
PONTEVEDRA
é um município e também a capital da Província de Pontevedra. A província de
Pontevedra é uma das quatro Províncias que compõem a Comunidade Autônoma da
Galiza com jurisdição sobre 10 cidades.
Escudo de Pontevedra |
A
cidade de Pontevedra está localizada
ao noroeste da Espanha, tem 117 Km2 de área e uma população em 2012 estimada de 82.684 habitantes. É uma cidade
principalmente de serviços, já que a grande maioria do tecido industrial da
província encontra-se na cidade vizinha de Vigo.
Pontevedra
faz parte do Caminho Português de Santiago de Compostela, encontra-se 25 Km ao
norte da cidade de Vigo, 18 Km ao norte da cidade de Redondela, 60 Km ao sul de
Santiago de Compostela, 105 km ao noroeste de Ourense e 50 km ao norte da
fronteira portuguesa de Tui-Valença.
O
município situa-se ao nordeste, leste e sudeste do início do estuário de
Pontevedra, prolongando-se até ao início do estuário de Vigo e ao rio Verdugo,
através das paróquias civis de A Canicouva e de Ponte Sampaio, as quais formam
uma espécie de exclave.
A
zona do conselho de Pontevedra à beira do estuário de Vigo é chamada O Castelo
e ali existe uma pequena ilha com o mesmo nome que também faz parte do
município de Pontevedra. O município ocupa os vales fluviais do Lérez e do rio
dos Gafos; a parte sudoeste ocupa a margem sul do estuário de Pontevedra.
A cidade situa-se no fundo do estuário de Pontevedra, na margem esquerda do rio Lérez, que
desemboca no estuário a quatro quilômetros. Assenta numa elevação rochosa
relativamente aplanada pela erosão, que embora não seja muito alta, obriga o
rio Lérez a rodeá-la pelo norte antes de desembocar no estuário. Esta situação
faz com que as únicas ruas com inclinação assinalável sejam as que baixam para
a zona costeira e do rio. A localização sempre foi importante estrategicamente,
pois é o ponto mais ocidental (mais próximo do mar) onde se pode cruzar a ria
no sentido norte-sul através de uma ponte.
O
Conselho de Pontevedra é constituído por mais 18 paróquias civis:
- Alba (Santa María)
- Bora (Santa Mariña)
- O Burgo (San Bartolomeu e Santa María)
- Campañó (San Pedro)
- Campolongo (San Xosé)
- A Canicouva (Santo Estevo)
- Cerponzóns (San Vicente)
- Lérez (San Salvador)
- Lourizán (Santo André)
- Marcón (San Miguel)
- Mourente (Santa María)
- Ponte Sampaio (Santa María)
- Salcedo (San Martiño)
- Santa María de Xeve (Santa María)
- Tomeza (San Pedro)
- Verducido (San Martiño)
- A Virxe do Camiño
- Xeve (Santo André)
Apesar
da sua pequena dimensão, Pontevedra é uma cidade que conta com muitos bairros.
Historicamente, o mais conhecido é O Burgo, famoso pela sua ponte e por estar
situado entre os sapais de Alba e do
Lérez. Monteporreiro é uma zona residencial por excelência, juntamente com
Campolongo, situado no centro urbano. Mollabao caracteriza-se por ter muitos
militares entre os seus residentes. A Parda encontra-se em expansão e se
continuar a crescer ao ritmo dos últimos anos tornar-se-á um dos bairros mais
importantes da cidade. Outros bairros importantes são La Seca e Salgueiriños.
O
clima é Pontevedra é temperado e chuvoso, com uma temperatura média anual de
15°C e amplitude térmica de 10°C (entre 10°C em janeiro e 20°C em julho). A precipitação
média anual é de 1 691 mm, podendo oscilar entre os 1 600 e os
1 800 mm, concentrando-se principalmente no final do outono e no
inverno e diminuindo substancialmente entre junho e agosto. Há uma grande
propensão para trovoadas atlânticas durante o outono e o inverno,
frequentemente com alguma violência.
HISTÓRIA DE
PONTEVEDRA
|
Segundo uma lenda criada no período
do Renascimento para dotar a cidade de uma origem fantástica, Pontevedra teria
sido fundada por Teucro, um dos
heróis da Guera de Tróia. A lenda afirma que o herói chegou a estas terras após
ter sido recusado pelo pai dele, Télamom, e fundou um assentamento com o nome
de Helenes, após o que se casou com Helena, filha do rei Putrech
que nesse momento dirigia o exército grego até à cidade de Atenas.
Possivelmente essa lenda terá sido
baseada numa passagem de Estrabão, que citando Asclepíades de Myrlea,
relata que ao voltar da Guerra de Troia os companheiros de Teucro se
estabeleceram na Callaicia (Galiza), onde fundaram duas cidades — Hellenes
e Amphiloci — a segunda em honra a Anfíloco, que lá morrera.
O certo é que os diversos estudos arqueológicos não
demonstraram uma presença humana anterior à Época Romana. A lenda inspirou uma
inscrição existente na fachada da Sede do Município:
FVNDOTE TEVCRO VALIENTE
DE AQVESTE RIO EN LA ORILLA
PARA QUE EN ESPAÑA FVESES
DE VILLAS LA MARAVILLA
DEL ZEBEDEO LA ESPADA
CORONA TU GENTILEZA
VN CASTILLO PVENTE Y MAR
ES TIMBRE DE TV NOBLEZA
|
Fundou-te o valente Teucro
na margem deste rio
para que Espanha fosses
das vilas a maravilha
de Zebedeu a espada
coroa a tua gentileza
um castelo, uma ponte e
mar
que é timbre da tua
nobreza
|
A historiografia tradicional afirma que
a cidade tem origem no assentamento de “Ad Duos Pontes” (A duas pontes). No
entanto, estudos mais recentes relacionam a fundação de Pontevedra com o
assentamento romano de Turocqua, nas margens sul do rio Lérez. O nome Pontevedra deriva do
latim e significa "ponte
velha". O nome de Duos Pontes (duas pontes) deve-se à existência de
duas pontes na área.
Imperador Adriano (viveu de 76-138) governou o Império de 117 a 138 |
Depois da integração da Galiza pelo
Império Romano foram construídas uma série de vias de comunicação, que ligavam
comercial e militarmente a Província com o resto o resto da Península Ibérica. A Via XIX do itinerário de Antonimo, que ligava
Bracara Augustaa (atual Braga) e Lucus Augusti (atual Lugo) e Astrúrica Augusta
(atual Astorga), cruzava o rio Lérez em Pontevedra. Turocqua situava-se nas
imediações onde hoje se encontra a Ponte do Burgo, em pleno centro histórico. A
descoberta em 1988, na cabeceira sul da ponte, de um marco miliário dedicado ao
Imperador Romano Adriano no ano 137
confirma a passagem da estrada romana naquele local.
Fernando II (1137-1188) foi rei de Leão e da Galiza de 1157 a 1188 |
Durante o reinado de Fernando II, na Galiza, na última parte
do século XII assistiu-se a alguma reativação da atividade comercial, graças à
restauração de caminhos e pontes. O local hoje ocupado pela cidade voltou a
repovoar-se, depois de se ter assistido a certo abandono na Alta Idade Média
(dos séculos V ao IX). A ponte romana que tinha dado o nome ao lugar estava
então em ruínas, pelo que foi substituída por uma nova, que ainda hoje existe,
embora com algumas modificações.
Atualmente já não existe o documento
real (Carta de Foral) original concedido por Fernando II, mas uma confirmação
dele por Afonso X, em 1264. Os
privilégios e isenções que se foram concedendo à cidade atuaram como
importantes dinamizadores da sua atividade econômica. Entre as concessões
destacam-se o monopólio do fabrico de saín na Galiza (saín é uma gordura que se obtém de
alguns peixes após prensá-los) e da cura de peixe (não da salga), em
1229, e a adjudicação (o direito de posse) do porto de carga e descarga da
Galiza em 1452.
Henrique IV (1425-1474) foi rei de Castela e de Leão de 1454 a 1474 |
As sucessivas ampliações do recinto
muralhado pontevedrês foram determinadas pelo crescimento demográfico e pelo
desenvolvimento de atividades econômicas na vila, que necessitava de espaços
mais amplos para poder expandir-se. A tudo isto se juntava o desejo da Coroa de
controlar a produção e o trânsito de mercadorias. A economia da cidade alcança
o seu maior esplendor durante o reinado de Henrique
IV de Castela, que em 1467 concede o privilégio de uma Feira franca, de 30 dias
de duração, que decorre quinze dias antes da festa de São Bartolomeu. Para a
realização destas feiras, a muralha foi novamente ampliada para criar a Praça
de Ferrería, onde decorria a feira. Esta foi recuperada no ano 2000,
realizando-se no primeiro fim de semana de setembro.
Nau "Santa Maria" também chamada de "La Gallega" |
Desde a Baixa Idade Média (dos séculos X
ao XIV) e até ao século XVI, Pontevedra torna-se uma das cidades mais populosas
da Galiza, com um grande porto pesqueiro ligado ao comércio internacional, no
qual se destaca a exportação de peixe salgado para Portugal. A “Nau Santa Maria”,
usada por Cristovão Colombo na
viagem em que descobriu a América, foi construída em Pontevedra pelo poderoso
Grémio de Mareantes, o que está na origem do seu cognome "A Galega".
No entanto, a partir do fim do século
XVI, a cidade entraria em decadência, primeiro devido ao abandono por parte da
Coroa de Castela e depois devido a sucessivas guerras e, principalmente, pela
diminuição da profundidade do rio Lérez, o que levaria ao desaparecimento das
relações comerciais que se desenvolviam no antigo bairro marítimo da Moureira.
A crise, cujos sinais começaram a ser notórios no final do século XVI,
aprofundou-se nos séculos XVII, XVIII e XIX.
Durante os séculos XVII e XVIII a
decadência se agravou devido à instabilidade política provocada pelas
constantes guerras que ocorreram nesse período (Portugal e a sucessão
espanhola, a ocupação inglesa, etc.), que contribuíram para o declínio do comércio
exterior. A população de Pontevedra reduziu-se para metade, quando na Galiza
duplicou e no resto da comarca de Pontevedra triplicou. Esta crise demográfica
foi provocada por epidemias e graves doenças.
Pontevedra (Foto de 1898) |
No início do século XIX, a economia de
Pontevedra baseava-se fundamentalmente na atividade artesã, no comércio, em
menor escala na pesca e na agricultura. Em 1833, com a criação das províncias,
torna-se a capital da Província Autônoma de Pontevedra, o que deu origem a que
se tornasse um centro administrativo. Nesta época, devido à necessidade de ter
espaços para edificação, a cidade muda a sua fisionomia, derrubando-se muralhas
e abrindo-se novas ruas, como a que hoje vai de Oliva até Virxe do Camiño
(atual Rua García Camba) ou a que vai desde a Rua do Comércio até Michelena.
Foram também empreendidas obras de infraestrutura e saneamento, construídas
escolas e hospitais, criados espaços de uso público como a Alameda do Arquiteto
Sesmeros, e chega à Ferrovia.
As primeiras décadas do século XX são um
período de grande efervescência cultural e política em Pontevedra. Em 1936 tem
lugar o levantamento militar do general Franco, que deu origem à Guerra Civil
Espanhola, fomentada pelos ódios acumulados durante anos. À guerra seguiu-se a
repressão dos triunfadores, que assassinaram, fuzilaram ou obrigaram a fugir
para o exílio numerosas pessoas. As duas primeiras décadas da ditadura franquista
são de grandes dificuldades econômicas para a maioria da população. A situação
começou a mudar na década de 1960, que se caracterizou por um desenvolvimento
sustentado que se tornou mais notório no início dos anos 1970, coincidindo com
a morte de Franco em 1975 e com a transição democrática. Durante este período
desenvolveu-se extraordinariamente o setor da construção, que até à atualidade
é um dos grandes motores da economia local.
Pontevedra (Foto do século XIX e início do século XX) |
Santuário de Nossa Senhora Peregrina, padroeira da província de Pontevedra e do Caminho Português de Santiago, foi edificado no século XVIII. A sua planta simula uma concha de um molusco (vieira), símbolo do Caminho de Santiago.
Na sua fachada há imagens da Virgem, São José e Santiago, todos
vestidos como peregrinos. No interior há uma imagem da Virgem do século XIX.
Nicho com a imagem da Virgem Peregrina - Igreja de Pontevedra |
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